sexta-feira, 12 de julho de 2013

Abordagens Geopolítica do filme "Mera Coincidência" ( Wag the Dog)

*     Faculdade de Filosofia, letras e ciências humanas da universidade de são Paulo



Prova de Geografia Política
1-        Comentário sobre o filme “Uma mera coincidência e suas abordagens geopolíticas.

2-        Comentários e análise do texto A - Russian Geopolitical Analyst: “World War III Has Already Begun.








Aluno: Guilherme Henrique de Paula Cardim                nºUsp: 8126759
Período: Noturno       Prof.: Professor Associado André Martin


Questão - 1 – Comentário sobre o Filme:
O filme “Mera Coincidência” (War the Dog) foi produzido nos Estados Unidos sob a direção de Barry Livenson no ano de 1997, contando com grandes atores no elenco como Michael Belson (presidente), Dustin Hoffman (produtor de cinema e consultor de marketing pessoal do presidente) e Robert de Niro (assessor presidencial). Recebeu uma indicação ao Oscar e o premio de melhor filme no Festival de Berlim.
1.1-Sinopse:
Há poucos dias antes da eleição presidencial, na qual o líder do executivo federal pretende sua reeleição, estoura no Washington Post que o então governante teria tido relações sexuais com uma menina menor de idade. Seu adversário se aproveitou da situação, ampliando fortemente a publicidade da falta de postura do presidente, como também a mídia veiculou fortemente tal incidente.
Contudo, para retirar a imagem animalesca do governante, que impossibilitaria sua reeleição, propõe seu corpo de “marketeiros”, o invento de uma guerra contra a Albânia (escolhida aleatoriamente).
A guerra teve como motivação, a falsa imputação da atuação de grupos terroristas ou paramilitares, que questionavam a ideologia liberal-globalizante ocidental, por isso eram “os malvados” que faziam atrocidades contra albaneses e potencialmente, contra estadunidenses.
1.2-Análise do filme sobre a sua verossimilhança histórica na ótica geopolítica:
O filme foi produzido criticando e expondo as ações imperialistas de governantes estadunidenses que utilizam de todos os meios para garantir a manutenção de sua legitimidade e autoridade.
 Coincide com o caso histórico – alias, é o objeto mais direto de crítica do filme - o caso em que Bill Clinton que foi marcado por escândalos sexuais que envolviam Monica Lewinsky, cúmplice da traição de Bill contra Hillary. A fim de, tentar limitar as ofensas realizadas ao seu decoro durante a época, até porque houve perigo dele sofrer um impeachment, Clinton decidiu amparar o Kosovo na Guerra contra a Servia.
         Portanto, a Albânia, retratada no filme, é uma analogia ao Kosovo, na qual é uma nação vizinha a albanesa, ambos situados em uma zona em que há forte concorrência entra ideologias Eurasianas e Atlanticistas, denominada por Mackinder por Rimland.  
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Observa a Aproximidade entre Albânia, Kosovo e Servia    Fonte: http://www.marketoracle.co.uk/Article3754.html
Como bem relata o filme, foi levantada uma falsa motivação para a intervenção militar, que era a defesa da liberdade de autodeterminação de um povo, no qual segundo a mídia internacional era mulçumano e de maioria albanesa e estava sendo violentado por milícias servias e pelo Estado Sérvio.
Porém, Clinton tinha o dolo de intervir em uma região que ainda estava sobre influência russa, diminuindo a mesma e dificultando as nações eslavas terem acesso direto a “águas quentes”, aumentando a influência do capital germânico e estadunidense e tentando limpar sua reputação.
Contudo, segundo o professor Leonel Itaussu A. de Mello¹ e Luís Cezar Amad Costa² (p. 437), “sob ameaça de um impeachtment, Clinton viu se ofuscarem o bom desempenho econômico, o sucesso obtido com intervenção militar em Kosovo, nos Balcãs, e a busca por um diálogo multilateral com a comunidade internacional”.
Logo, o filme teria uma falta de verossimilhança nesse caso especificamente, já que mesmo com a o sucesso da guerra, ele sofreu extremo dano a sua personalidade, e não só a dele, como também, a do Partido Democrata, que perdeu a eleição para o Partido Republicano em 2000.
Além do caso Clinton, temos que se lembrar, que o uso da guerra para melhorar a popularidade, por George W. Bush, ao intervir militarmente, o Iraque em 2003.
 Observando novamente as palavras do professor Leonel Itaussu de Mello (p.465), Bush “se deparou com o declínio da produção industrial e o número de desempregados voltou a crescer”, ou seja, a economia estava decaindo e por fim, aconteceram os Atentados de 11 de Setembro de 2001. Portanto, procurou Bush, novos inimigos para intervir, a fim de melhorar sua imagem e amparar o crescimento econômico dos EUA com base no modelo neoliberal que se mostrava em crise.
 A II Guerra do Golfo surgiu através de uma duvidosa imputação de existência de armas de destruição em massa depositadas em trapiches no Iraque e da ligação, também duvidosa, entre Saddam Hussein (ditador do Iraque) e a Al Quaeda (autora dos já citados atentados). As conseqüências dessa invasão, primeiramente foram muito positivas para Bush, já que ele garantiu reservas de petróleo para o poder econômico lucrar, um caminho para conquistar a tão desejada Heartland de Mackinder e seu poder carismático, a ponto de se reeleger.
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Campos de petróleo e infra-estrutura para a atividade. Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/iraqkeymaps/page6.shtml
Entretanto, os gastos militares e a base neoliberal da gestão Bush estão entre as principais causa da Crise do Superprime em 2008, que também, motivou a vitória de Obama, democrata, sobre os republicanos.
Conclui-se, quanto à verossimilhança do filme que a guerra é corriqueiramente usada como forma de manutenção do poder, principalmente, em culturas belicistas. Ela foi usada para tentar prorrogar a legitimidade de vários lideres entre eles Clinton e Bush, sendo os dois presidentes mais contemporâneos de superpotências que a usou para tais fins. Contudo, a manutenção do poder é em curto prazo, pois as conseqüências de uma guerra geram consigo instabilidade econômica, social e nas relações internacionais.
1-Foi Professor Titular do departamento de Ciência Política FFLCH-USP 
 2-Professor de Sociologia da FGV-SP
1.3-Análise do filme sobre a ótica do poder, tempo e espaço.
Após relatar tais casos que mostram a verossimilhança ou falta dela sobre a produção do filme, deve ser mais aprofundada a questão do poder e sua atuação no espaço durante um determinado tempo, já que muitas questões concernentes a geopolítica advêm do contexto histórico descrito.                                                                                                 
O filme mostra com extrema verossimilhança, que o controle social é feito através do poder legal da autoridade, no caso da atuação por uma política externa rígida do governo estadunidense e da pessoa do presidente, com forte atividade punitiva, sancionatória, e pela mídia, através de propagandas e da opinião pública, para incutir, popularmente, o carisma da figura da autoridade presidencial, porquanto, tendo o poder carismático e garantir a proteção aos valores tradicionais liberais-globalizantes, como a liberdade individual, a livre-iniciativa, a livre-concorrência, assim tendo o poder tradicional.
Logo, o governante ou governo garante globalmente, no caso estadunidense, sua influência sobre o comportamento de outras pessoas, estabelecendo uma relação de desigualdade com vontade superior do líder (governo estadunidense) fazendo uso da coerção física contra quem resiste a sua vontade. O filme demonstra o poder imperialista na atuação militar na Albânia e na vida real, foram já citadas às atuações militares nos Bálcãs e Golfo Pérsico.
Assim como, o modo atlanticista de consagrar o controle externo tem uma finalidade liberal-funcionalista, que nas palavras de Ana Lucia Sabadell ³(p.154), nessa classificação, “o controle tem o objetivo de preservar a coesão social, diminuindo conflitos”. “Essa visão é típica de lugares que supõe a criação democrática de instrumentos de controle e bem-estar maior do que sem a existência do controle social”.
No filme, os marketeiros, através da mídia, passaram o controle social externo com a imagem de extrema idoneidade moral para o ocidente, além de consagrar normas estadunidenses como universais por meio da força física, a guerra. Também, a imprensa tem extrema serventia para concretizar o controle interno, visto que ela é um meio de difusão dos valores liberais-globalizantes.
Como não deve ser ignorado, o fato da cultura belicista dos EUA, que na verdade traz um constante sentimento de poder para os cidadãos estadunidenses, visto que eles também constituem um dos elementos do Estado, o elemento povo, sendo que no caso estadunidense, esse elemento tem como sua maior identidade nacional, o elemento administração pública ou governo.
Portanto, a guerra é usada como forma de confortar e aumentar a “auto-estima coletiva” estadunidense para que seu povo se sinta superpoderoso e protegido pelo governo, como se fosse à instituição que guarda e propaga os valores liberais-globalizantes.                                                    
O terceiro elemento é o território, na qual a vontade do Estado se realiza conforme a soberania. Essa, segundo Bodin, é o poder que está à cima de todos. Dela é necessário o Estado ter capacidade e vontade de ter e exercer seu poder resistindo internamente e externamente aos fatos perigosos para si. Assim, sempre o poder é realizado sobre em uma base territorial. Contudo, o caráter imperialista da superpotência, questiona a soberania de outros Estados, no caso do filme, é a Albânia que foi invadida.
Os EUA impõem sua soberania aos outros Estados vencendo o espaço como obstáculo através do avanço tecnológico na área militar e transportes. Também assim, utilizam o espaço que para eles tem seu teor como obstáculo diminuído para utilizar como obstáculo para a atividade de outros Estados, como o uso de informações monopolizadas pelos EUA e transmissão midiática segundo os desejos ideológicos atlanticistas.                                                                                                                      3-Professora Titular de Direito do Estado da FND-UFRJ
Logo, a base territorial no qual os EUA exercem o poder, é praticamente toda a superfície do planeta terra, pondo em duvida a soberania dos demais Estados.
Conclui-se, portanto, a partir do filme e do contexto histórico analisado, a existência de características marcantes da atuação imperialista estadunidense quanto ao poder, tempo e espaço. Porque, o controle social interno, feito pelas pessoas é preservado pela moral atlanticista proferida imprensa internacional. Já o controle social externo é realizado pela força física militar, que legitima o poder legal, e pela manipulação midiática que legitima o carisma do governante e da instituição.
Além disso, a guerra é usada para unir os povos imperialistas contra inimigos ideológicos, como também, serve para enaltecer da coletividade dessas nações, visto como o “povo poderoso”. Porém o uso da guerra como instrumento geopolítico interno e externo para legitimar o povo, o governo e o governante, traz conseqüências devastadoras para a verdadeira auto-afirmação de povos não residentes nas potências, pondo em risco sua soberania.
Questão-2- Comentários e análise do texto A- Russian Geopolitical Analyst: “World War III Has Already Begun.
2.1-III Guerra Mundial na visão de Especialistas Russos:
Apesar do texto se referir exclusivamente a Konstantin Sikov, vice-presidente da Academia Para Questões Geopolíticas de Moscou, será apresentado outras teses acerca da possibilidade da existência presente ou futura, ou da não existência de uma III Guerra Mundial.
Entre os outros nomes estão Alesandr Dugin, professor da Faculdade de Sociologia da Universidade Estatal de Moscou e Conselheiro Geopolítico de Putin e anteriormente de Medvedev, ambos predisente e ex-presidente da Federação Russa e Nikolas Zlobin que está em um Instituto de Segurança Geopolítica em Washington.
A opinião de Konstantin Sivkov é baseada na contradição entre duas geoideologias. A primeira Atlanticista e a segunda Eurasiana.
Sivkov observa que a primeira fundamenta a nova ordem mundial, dentro de uma lógica de livre-mercado, egoísmo, individualismo, consumismo, e modernismo.  São países vistos como potências ocidentais, ligadas ao poder marítimo e ao progressismo capitalista-burguês, a Organização de Tratado do Atlântico Norte e a democracia representativa. São eles, os Estados Unidos da América, Alemanha, frança e Reino Unido.
Já a segunda foi à ideologia que baseou o mundo oriental até a consagração do processo globalizador de expansão do capital por todas as áreas da superfície terrestre, ou seja, até a queda do muro de Berlim. Essa última se baseia no comunitarismo, coletivismo, os domínios de interesses que mutuam para o desenvolvimento. São potências ligadas ao poder terrestre, a Organização de Cooperação de Xangai e Oraganização do Tratado de Seguridade Coletiva e ao antigo socialismo estalinista e maoísta como a Rússia e a China.                                    Ficheiro:North Atlantic Treaty Organization (orthographic projection).svg
Carta com países membros da OTAN                                                                                                               Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_do_Tratado_do_Atl%C3%A2ntico_Norte
Segundo Alesandr Dugin, após o término da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que era a superpotência protetora do Eurasianismo, a mentalidade atlanticista tornou-se a vencedora e monocrática, portanto, os países eurasianos tiveram a fracassada obrigação de se fundamentar no liberalismo-globalizante, que trouxe a dominação das potências ocidentais.
         Logo, quando os ideais atlanticistas invadiram o espaço eurasiano, começou uma forte oposição, que põe em risco a resistência, o poder e acima de tudo a soberania dos povos orientais.
         Porém, uma pergunta ainda fica sem resposta. Por que já existe a III Guerra Mundial?
Segundo Sivkov, existem quatro conflitos atualmente entre as duas geoideologias que desencadeiam a III Guerra Mundial. O primeiro está na contradição consumo e produção. O segundo entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos. O terceiro entre as nações e a elite transnacional. O quarto entre o espírito de mercado e o espírito tradicional.
Com uma grande crise financeira, no caso a crise atual, faria as potências ocidentais intervirem no Oriente Médio para adquirir as jazidas de petróleo da região. Depois de tal feito, seguiria a intervenção financeira e até militar para a Cáucaso e a Rússia a fim de adquirir as jazidas de minerais e petróleo da região. Porquanto, as potências imperialistas utilizariam tais riquezas para manter seu status de alto desenvolvimento e reduziria a Rússia ao seu quintal.
Contudo, essa expectativa ocidental não seria fácil de ser realizada, visto que as potências alinhadas a OTAN tentará ganhar o apoio da elite russa, fazendo a chantagem de congelar suas contas no exterior. Assim, Putin visará à política estrangeira para o leste formando um forte eixo entre Moscou, Pequim e Berlim.
Sobre o Brasil, segundo relatos do Professor André Martin, que teve contato com Sivkov na Cidade do México, Sivkov acredita na união de países emergentes, principalmente dos BRICs, contra o atlantismo. Contudo, o mesmo professor brasileiro discorda, acreditando em um alinhamento contínuo do Brasil com os EUA, assim, portanto, o Brasil, como na I Guerra Mundial suportaria uma neutralidade militar e um mero apoio verbal as potências ocidentais.
Em contrapartida, discorre com medo da persistência de uma guerra, o liberal, e também, russo diretor do Instituto de Segurança Mundial em Washington, Nikolai Zlobin, que Putin tem uma retórica anti-americanista, entretanto não tem uma política anti-americanista. A escolha de Putin é uma militarização da Rússia e não um desenvolvimento econômico como está sendo realizado na China que pode trazer justamente uma forte dependência do capital externo. Logo, a Rússia deveria se aproximar dos EUA, tentando obter um intercâmbio tecnológico nas áreas espacial e naval.
Favorável a uma guerra, porém, acredita que os EUA estão despreparados para enfrentá-la, portanto, dúvida que ela irá ocorrer ou que esteja ocorrendo é Alesandr Dugin.
Explicando o pensamento de Dugin deveremos passar por uma análise filosófica, política e observar sua opinião e proposta geopolítica.Para Dugin, há três correntes na teoria geopolítica, expostas a seguir:
 A primeira é a liberal-globalizante que se caracteriza pelo individualismo e universalismo. Ela é predominante em todo o planeta atualmente, mas é plenamente característica de nações alinhadas com o poder marítimo como os EUA e o RU, contudo está em crise, principalmente a forma de governo democrática, que se transformou no que Aristóteles denominou Demagogia, ou seja, a predominância de uma minoria que manipula a maioria.
A segunda é a fascista, semelhante ao nacional-socialismo da classificação do professor André Martin. Ela está extinta, foi comum na Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Hungria e alguns países árabes durante a década de 1930 e 1950, ou seja, exatamente nas Rimlands de Mackinder. As pessoas tinham reconhecimento por essa teoria através de um Estado (Fascismo Puro) ou por uma Raça (Nazismo e o Arabismo).
A terceira seria o Socialismo ou Marxismo. Também está extinta fora raras exceções como a Coréia do norte e Cuba. Foi comum nos países socialistas, principalmente na potência URSS, localizada justamente na cobiçada Heartland de Mackinder. A aproximação dos indivíduos com essa ideologia persistia pela classe social, ser do proletariado.
        https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1OVcxJlCOj1wfmiy1YCLRS2xPg1JVNmHFEpso60JFojum_a0AYrXRR4dlJFRNU6ZviWNssOE-QRiTHnNcMj2STjKaT3My98mQWp9yihBvnaE-Phvua1foSFgo5Cw-tlw-AO6VVn25oT8/s320/mackinder2.gif
Carta da Heartland (mais escuro) área de fácil trâfego terrestre por ser plano e ter estepes, rica em minérios e jazidas petrolíferas, Rimland (cinza) local com sérias dificuldades de se afirmar como potência, normalmente é atingida ou pelo Heartland ou pelo Hinterland, Midland Ocean (Atlântico) e Hinterland (resto do mundo) de Mackinder. Fonte: http://marcosbau.com.br/geopolitica/formacao-e-expansao-territorial-e-geopolitica-dos-estados-unidos/
         Observando a decadência das três correntes, Dugin propõe uma quarta, na qual a aproximação das pessoas com a ideologia seria o Dasein, que Dugin interpreta esse conceito de Heidegger como um ser na presença de sua própria raiz. Alias, a raiz, segundo ele, está sendo dissolvida pela virtualidade e todas as três que se baseiam no individuo, raça ou Estado e classe social, contribuem para a destruição do ser existencial autêntico.
         Portanto, a procura pela raiz humana levaria o ser a se aproximar da tradição e costumes, um ser mais consuetudinário. Então, as religiões entram fortemente nesse bloco, como uma unidade de amparo a manutenção do conservadorismo, ou seja, a manutenção das tradições e da raiz humana. Dugin diz ainda, que a crítica marxista é inconformista, o tecno-centrismo liberal é alienador e despolitizante e o cosmopolitismo tecnológico destroem a raiz.
Assim, existirá a união das religiões como o Cristianismo Ortodoxo, Islamismo, Budismo, Taoísmo, Hinduísmo e até o Catolicismo Romano contra o modernismo e individualismo convencionado pelo liberalismo-globalizante. Além disso, aposta Dugin, em uma aliança militar, como a religiosa, turco-eslava contra o liberalismo. Afinal, essa aliança pode já estar construída, quando observamos que a “primavera-turca” tem o dolo de retirar governantes pró-ocidentais da liderança política. Logo, seria uma luta entre o conservadorismo tradicionalista oriental multipolarista contra o progressismo modernizante ocidental unipolarista.
Contudo, ele não imagina a possibilidade da guerra ocorrer em 2014, como propõe Sivkov, visto que será ano de eleições presidenciais e Barack Obama está na tentativa de formular uma Perestroika Estadunidense, baseada em medidas como a sua visita à Rússia, diminuição o contingente militar no Iraque, promessa de retirar os prisioneiros que estão na Base de Guantánamo e tentativas de regularizar mais estrangeiros nos EUA. Logicamente, a guerra irá ocorrer depois, principalmente se a elite WASP (White Anglo-Saxon People) voltar a ter plena autoridade do executivo federal estadunidense.
Quanto à posição do Brasil, Dugin relata que o Brasil tem um Soft Power muito extenso e realmente poderoso. Difere da Rússia que aparenta ter uma arte depressiva, um prisioneiro degradante. Enquanto isso, o Brasil tem uma imagem alegre, um espírito positivo e rico, na bossa nova, no samba e no futebol. O Brasil, na visão aproximada a de Gilberto Freire, conseguiu formar um povo mestiço que preservou a cultura negra e indígena, diverso seria a população negro estadunidense, que teve sua cultura limitada totalmente pela anglo-saxã. Porém, teme pelo o Brasil esteja politicamente alinhado com os EUA.
2.2-Conclusão:
Primeiramente, comparando Sivkov e Dugin, ambos concordam que o fim da URSS, afundou o marxismo e limitou temporariamente a atuação do eurasianismo, portanto sendo o vencedor da Guerra Fria o atlantismo liberal capitalista. Também concordam quanto à crise de valores que ocorreu com o advento liberal no mundo oriental, ainda mais no aprofundamento do unipolarismo estadunidense contra o multipolarismo eurasiano.
Porém, Sivkov aborda o tema de forma mais científica, se baseando na economia global. Enquanto Dugin, foca em na filosofia, principalmente na crise existencial do homem moderno ou pós-moderno e a dificuldade disso ser compatível com o liberalismo. Logo, Sivkov se preocupa muito mais com o fato da guerra, e um preparo militar para a guerra que já está ocorrendo e Dugin se preocupa com o fato da crise geopolítica e com o preparo íntimo e religiso para poder ainda confrontar contra o liberalismo.
Deve ser destacado ainda, que Sivkov tem razão quando diz que uma aliança entre Pequim, Berlim e Moscou será insuperável para os EUA, afinal era a pior condição imaginada por Mackinder para o caso do RU. Quanto à China, muito provável que ela, por estar no Oriente e ter costumes eurasianos, persista no lado eurasiano.
Entretanto, a Alemanha é um país-membro da OTAN, apesar de estar na Rimland e ter tradição fascista, dificilmente não tenderá ao atlantismo, já que sua economia e sociedade estão extremamente ocidentalizada, além de ter um sentimento negativo baseado na história de guerras violentas que foram travada entre Alemanha e Rússia. Pode ser que entrando governantes desvinculados a Angela Merkel e mais anti-estadunidenses tenham um alinhamento mais oriental.
Dugin se baseia na manutenção conservadora dos costumes e da religião. Observa uma possível aproximação entre Rússia e Turquia, que pode ocorrer caso, o atual primeiro ministro da Turquia, Recep Erdogan, decaia, alias os anti-governistas estão tendo apoio russo.
Contudo, Erdogan apóia uma ocidentalização, contudo é vinculado ao Islamismo, ou seja, as pautas contra seu governo é o domínio imperialista europeu e a teocracia ou forma análoga que está sendo implantada na Turquia. Pode ser que Dugin tenha razão quanto à aproximação da Rússia com a Turquia, mas o meio religioso será a própria religião cristã, já que os ortodoxos turcos e gregos estão sofrendo com o governo autoritário e não laico.
Para terminar conclusão, a humanidade está diante de uma cena equivalente a Guerra do Peloponeso, no qual uma potência marítima rica e imperialista, ou seja, uma analogia entre EUA e Atenas quer avançar sobre uma potência terrestre, pobre, com riquezas minerais, uma analogia entre Rússia e Esparta. Na guerra da antiguidade, a civilização grega entrou em decadência e nunca mais se recuperou. Pode agora ser imaginada, uma guerra atual não mais regional, mas global, entre potências nucleares. A conseqüência de tal imbecilidade humana seria a vida de centena de milhões de pessoas e a decadência da humanidade.
Ainda existem esperanças para que essa idéia não saia dos livros......





Bibliografia
Obras literárias
BONAVIDES,Paulo. Ciência Política. São Paulo: Malheiros.2010.
CLAVAL, Paul. Espaço e Poder. Rio de Janeiro: Zahar.
DREIFUSS, René Armand. Política, Poder, Estado e Força. Petrópolis: Vozes. 1993.
GEORGE, Pierre. Panorama do Mundo Atual. São Paulo: Difusão Européia. 1970.
KAPLAN, Robert D.. The Revenge of Geography.  Nova Iorque: Random House. 2012.
MELLO,Leonel Itauassu A. & COSTA, Luís César Amad. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: Scipione. 2004.
SABADELL, Ana Lucia. Manual de Sociologia Jurídica. São Paulo: Revista dos Tribunais.2010.
STEINBERGER, Margarete Born. Discursos Geopolíticos da Mídia. São Paulo: Cortez. 2005.
Videos
Palestra proferida no Auditório Nereu Ramos do Senado Brasileiro no dia 27/11/2012 por André Martin, Professor Associado do Departamento de Geografia da FFLCH-USP. Webpágina: http://www.youtube.com/watch?v=-oABdxQGLG0
Entrevista de André Martin ao Programa Conectado publicado dia 14/04/2013 na webpágina http://www.youtube.com/watch?v=1hQr21W56M4
Entrevista com Alesandr Dugin publicado no dia 01/07/2013 na webpágina http://www.youtube.com/watch?v=uIf2kQ1AdAU----
VEJA ESSE VIDEO A CIMA, PROF. MARTIN, NELE O SENHOR É CITADO, POR DUGIN, SENDO CARACTERIZADO POR ELE, O MAIOR GEOPOLÍTICO BRASILEIRO.
Discurso de Alesandr Dugin sobre a Doutrina Medvedev proferido no Centro de Estudo Conservadores da Faculdade de Sociologia da Universidade Estatal de Moscou no publicado no dia 17/04/2011 na webpágina http://www.youtube.com/watch?v=sIBofm1VxTI
Explicações de Alesandr Dugin sobre a possibilidade da III Guerra Mundial tendo como estopim a Questão Siria. Publicado no dia 18/09/2012 na webpágina http://www.youtube.com/watch?v=8Aii-eulTHI
Artigos e reportagens
Artigo sobre a III Guerra Mundial publicado no dia 21/04/2013 na webpágina http://codigosecretos.com.ar/tag/konstantin-sivkov com contribuição de Konstantim Sivkov.
Artigo em que houve contribuição de Konstantin Sivkov e Nikolai Zlobin sobre a Política Externa de Putin. Publicado no dia 21/03/2012 na webpágina http://en.rian.ru/papers/20120321/172305718.html
Artigo escrito na Webenciclopédia Wikipédia p://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira_Guerra_Mundial
Artigo sobre Alesandr Dugin Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Aleksandr_Dugin


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